Manejo do estresse: a vida em zoom in e zoom out. A busca do equilíbrio
O impacto negativo do estresse na nossa saúde física e mental não é novidade para ninguém. Sentimos na pele e na alma. Impacta também nossas emoções. Nos torna improdutivos. Desgasta nossa autoestima, nossa motivação, nossas relações. Nos adoece. No longo prazo, transforma essas doenças em algo que nos exige parar completamente. Seja por uma reação aguda ou a transformação numa condição crônica. A genética deve ser tolerante de muito desaforo (como diz minha querida médica Tatiana Jerez @tatianajerez e @irmasjerez) para que o corpo não padeça.
Mas essa escrita aqui tem a missão de jogar luz e apontar uma postura que nos leve à saúde. E não ficar cutucando a ferida. Que não é alheia, é nossa, diga-se de passagem. Minhas conclusões vêm também do empírico.
Então vamos lá: mais uma vez inspirada pelo podcast do Jay Shetty (Instagram: @jayshetty / Podcast: On Purpose): você sabe identificar a raiz do seu estresse? Já pensou nisso de verdade-verdadeira? E o que te desestressa? Já fez essa lista também? Tenta.
Vamos deixar de lado, por enquanto, as coisas que mais atingem e de forma mais profunda os seres humanos: morte de alguém querido, doença, divórcio, catástrofe, guerra ou uma grande mudança.
A ideia é identificar o que te tira do prumo. Que no acumulado, vai tendo um peso enorme, insuportável.
Vamos falar daqueles que nos estressam um pouco a cada dia.
Já reparou que existem tipos de gatilhos no dia-a-dia? Aqueles que te atingem diretamente: uma situação desconfortável (discussão, pressão) no trabalho, desentendimento com familiar, chegar atrasado, dormir mal, pular refeição... e cada um tem o seu próprio apertador de calo.
E tem aqueles que te atingem indiretamente: uma casa desorganizada, aquela pendência que você não consegue tirar da frente, uma coisa quebrada dentro da sua casa que você só lembra que precisa arrumar na hora que dá te cara com ela, o compromisso da escola das crianças que você esqueceu de novo, o se dar conta que ficou arrastando feed de rede social mais tempo do que deveria...
Entenda que o estresse pode ter uma escala. Nessa escala, aquele pequeno estresse do dia-a-dia pode ir te minando.
Agora pensa no que pode te desestressar: uma conversa com amigo, uma caminhada, saborear um prato bem feito, fazer uma massagem, ir à praia...
Nessa busca pela compensação desse estresse – considerando que estamos falando de saúde, portanto, ingerir álcool numa quantidade absurda para desestressar NÃO entra nessa lista, afinal é um dos grandes estressores físicos – e não estou falando da taça de vinho socializada num jantar, por exemplo. Explicado.
Voltando à questão da compensação, refletir para identificar o que pode ser o contra ponto pode ajudar muito. E também pode estar numa escala. Coisas que desestressam mais e coisas que aliviam determinado momento de pressão. Uma meditação ou uma pausa consciente ( = respiração) podem te fazer voltar para o seu prumo. Ou você pode precisar realmente de férias. Ou dar uma guinada na vida.
Na minha experiência pessoal, não só comigo mas também com as pessoas que atendo e, baseada nos estudos que tenho tido acesso, organizar as primeiras horas do nosso dia faz com que nosso corpo entre em um estado de tranquilidade tal que os estressores do nosso dia-a-dia tem menos impacto no nosso estado de humor. Livros como O Milagre da Manhã, O Poder do Hábito, trazem essa abordagem. Acordar algum tempo antes, fazer as coisas com calma, incluir um alongamento, yoga ou meditação, tomar um chá, escrever. Não necessariamente nessa ordem mas respeitando um fluxo daquilo que te faz entrar no estado de calma e consciência.
Para as minhas clientes, esse é o passo principal para o manejo do estresse. Não mandatório, mas um convite à experimentação.
Na jornada pela busca de uma vida mais saudável, o que eu percebo é que, muitas vezes, algumas coisas feitas para desestressar, acabam indo parar na lista das coisas que estressam: não ir à academia hoje, não conseguir acordar mais cedo, não ter planejado o cardápio para garantir a refeição saudável, ter bebido além da conta em plena quarta-feira...
No podcast, J. Shetty dá três conselhos que gosto muito:
1. “Disciplina é fundamental sim mas, se você se estressa quando não cumpre o que se propôs e não traz flexibilidade nessa busca, tudo isso vai te fazer mal”.
2. “A culpa bloqueia o crescimento. O perfeccionismo é destrutivo, não te ajuda a caminhar, te estagna”.
3. “Encontre o seu equilíbrio, o seu meio termo das coisas. Faça mas não over-faça”
Encontre qual é o seu jeito de compensar as questões do dia que você SABE que vão te estressar. Talvez respirar 10 vezes antes de começar o dia baste. Tomar um sol por 15 minutos baste. Mas dê esse contra ponto para o seu corpo e sua mente. Em outras palavras: faça algo por você.
Se um estressor é inevitável, já programe o desetresse! O que vai ser: uma caminhada, um filme no cinema, um papo com uma amiga, um treino, uma sauna, uma volta no shopping, uma ida ao museu...
Cuidar da sua saúde não pode ser mais um estressor. Não deve ser um “tenho que” mas um “hoje eu consegui”.
Para a constância, olhe em zoom in. Pequenas conquistas diárias. Para a flexibilidade, olhe em zoom out. A grande conquista. E respire!