Ciclicidade feminina

Eu cresci com uma frase de uma professora de Educação Física da 5ª série, que dizia para as meninas que “menstruar não era motivo para não fazer a aula”. Bom, antes mesmo de menstruar, eu “tomei” essa... E levei como verdade para a vida.

Junto dessa afirmação, vieram outras. As vezes em forma de modelo das mulheres que convivi (e cuidaram de mim), atitudes de outras mulheres (que admirei) e depois expectativas do mundo. Temos de estar sempre plenas e prontas para tudo. E assim me formei mulher.

Até que já bem crescidinha, descobri que existe uma coisa que chama: ciclicidade. Poderíamos falar do ciclo da natureza, da vida pessoal, profissional, amorosa... mas quero destacar esse assunto aí do início: o feminino.

Dos estudos quânticos, Yoga, Budismo, Cabala todos, de alguma forma, traduzem o príncipio da correspondência, fazendo o paralelo do macrocosmo e microcosmo. Ou seja, somos o copy/paste da natureza. Bem, em crença, religião, fé em nada já faz sentido, só observar a natureza e seus ciclos – somos uma réplica do universo!

E na expressão do natural, vemos nos, mais ou menos, 30 dias, o corpo da mulher sofrer alterações como parte do processo de preparo para a concepção. Uma concentração hormonal acontece num período de tempo e, pensa bem: outra coisa que faz sentido pois um ser humano vai gerar outro ser humano. Não é maravilhoso isso?! E a concentração hormonal varia com o período: sobe estrogênio, cai estrogênio, sobe LH, desce LH, sobre progesterona, desce e então depois muda de novo...

E a matemática da atuação de cada um desses hormônios em diferentes fases, tem um objetivo: ora se preservar, ora se expandir, ora se recompor, ora florir. Ops, olha as estações do ano aí! Menos evidente mas na mesma cadência, as fases da lua!

Por anos, as mulheres da era moderna e, principalmente as dos grandes centros urbanos, tiveram a ciclicidade ocultada. Eu fui uma dessas! Como se não bastasse a demanda do mundo que não dava a menor importância para as fases pré-menstrual ou a menstrual das mulheres (aquelas cujos humores são mais salientes e indesejados para o mundo), fomos alvo de muitas piadas. Como parte do mundo corporativo, um ambiente onde prevalecia o masculino, essa ciclicidade ficou ainda mais abafada.

Bom, chega de desabafo e constatações! A boa notícia é que estamos vivinhas aqui para rever algumas crenças, mudar a forma como lidamos conosco nessas diferentes fases. E escrevo isso exatamente aos 51 anos e 8 meses, quando completo 76 dias sem menstruar, sem estar grávida. Ou seja: mais do que nunca olhando para o meu ciclo. Mas como, Daniela? Sem menstruar como você sabe?

De duas formas:

1.     Me observando. Coisa que eu fazia só quando era acometida pelos picos hormonais das fases e algumas sensações e sentimentos ficavam aflorados. Sempre com pouco auto acolhimento (olha o desabafo de novo aí! Ferida...). Mesmo sem menstruar, percebo as mudanças. Dias desses ouvi de uma amiga: estou fazendo reposição hormonal mas tem dia que volta tudo de novo, mesmo com o hormônio. Sim, prova de que continuamos cíclicas!

2.     Acompanhando as fases da lua. Como ainda é recente, tive dois meses de observação dos meus estados de humor x fase da lua. Não acho que é coincidência. Hoje estamos na lua cheia, que corresponderia à Fase Ovulatória. Me sinto mais calma e introspectiva, menos vontade treinar, cancelei encontros sociais e saí de 2 semanas de bastante produtividade.

Perceba esse ciclo em você. Uso o ciclo lunar principalmente para me guiar nutricionalmente. Faço o ciclo das sementes para modulação hormonal, ensinado por duas profissionais que admiro muito: @pririciardinutri e @ritacastronutri. Tenho colhido bons resultados! A foto que ilustra esse post, tem uma imagem que extraí do ebook Ciclo das Sementes da Priscila Riciardi – ela tem um perfil com esse nome: @ciclodassementes. Para se guiar pelo ciclo da lua, considere:

Lua Nova = Menstruação

Lua Crescente = Folicular

Lua Cheia = Ovulatória

Luca Minguante = Lútea

 Um resumo das características das fases que a @ritacastronutri separa em Fase 1 e Fase 2. Esse abaixo foi extraído do seu curso Ciclos da Mulher:

Fase 1 - Início do ciclo até ovulação

▸ Maior confiança, motivação, expansão e sociabilidade.

▸ Quer conquistar o mundo.

▸ Quando em desequilíbrio: maior inflamação, acúmulo de metabólitos estrogênicos e androgênicos.

▸ Pior momento se tiver em fase de estresse.

Fase 2 - Da ovulação até menstruação

▸ Quando em equilíbrio: calma, contentamento, introspecção natural (relação GABA, Progesterona).

▸ Frustração, melancolia, desânimo, falta de energia.

▸ Pouco sociável, recolhimento.

▸ Dificuldade com sono.

▸ Inchaço e retenção de líquido.

▸ Maior sensibilidade alimentar: níveis de histamina.

Pode ser que os estados de humor, sintomas, sensações em algum momento, não coincidam com a fase da lua, sei lá. Mas mesmo assim, terei meu ciclo. Mesmo assim, vou olhar – e acolher – cada fase, respeitando meus limites. Hoje olho para a saúde e quero, cada vez mais, ajudar mulheres a olharem para si. E, na minha jornada de aprendizagem, faz total sentido começar olhando para o seu ciclo feminino.