Porque eu quis ficar sem açúcar e sem farinha - de onde veio a motivação

(Texto escrito em 2024)

Embora com um estilo de vida sem grandes hábitos que agridem minha saúde, venho num processo baixar a inflamação há mais de 2 anos – escrevo este texto no final de 2024. Os ajustes na alimentação foram desafiadores mas cada passo trazia resultados positivos, o que me mostrava que eu estava no caminho certo. Mas levou tempo e, num outro post, conto porque levou tanto tempo e onde eu errava. O fato é, sempre estive motivada, mesmo com a curva oscilando para cima ou para baixo mais frequentemente do que eu gostaria.

E confesso que o esforço era muito maior que o resultado. Não só quanto a desinflamação mas a consequente perda de peso.

Até que em fevereiro de 2023 eu passei a sofrer dores horríveis no joelho. Importante dizer que essa dor teve início 10 anos antes, exatamente depois da minha primeira gravidez, aos 40 anos).

Doía dormindo. Essa dor de 2023, eu sabia sua origem (ou achava que sabia) e que não são poucas: 1. 4 gravidez no espaço de 6 anos e mais de 10 anos acima do peso; 2. 5 últimos anos com 10kg acima do peso que sempre tive; 3. sobrecarga com corrida e o tênis como esporte; 3. histórico familiar que me condenava: presença de reumatismos e artrose. Dessa última, eu achei que escaparia: faço musculação há 30 anos, poucas pausas e um estilo de vida muito diferente das pessoas da minha família que haviam sofrido dessa condição e 4. perimenopausa

Mesmo com muita dor, joguei torneios de tênis durante 2 meses naquele verão. Parei com a corrida. Gelo, alongamento, sauna. Gelo de novo, alongamento. Até que no início do inverno, fui ao ortopedista. Ele me disse que clinicamente meu joelho estava bem e seguindo a cartilha holandesa, nada de ressonância. E com a mensagem final de que os 10 quilos que eu carregava a mais deveriam ir embora se eu quisesse continuar praticando esportes de impacto. Segui a vida.

E no verão do Brasil, lá fui eu experimentar o bombado beach tennis. Torci o joelho direito. Alguns dias sem pisar e alguma prudência. 10 dias depois, já nem tão prudente assim, eu corria na praia. Baita dor. Musculação, alongamento, gelo. Isso foi em dezembro e janeiro.

Em março fiz uns exames – na Holanda não vai muito além do hemograma – percebi que a inflamação sistêmica persistia. Os resultados mostravam tudo muito bom do ponto de vista da medicina tradicional mas eu sabia que, para ter um grau de inflamação ao menor nível, eu deveria estar com os marcadores em níveis ótimos – e não aqueles referência do laboratório.

E então decidi que eu iria baixar minha inflamação a todo custo. Combateria a resistência à insulina, causa que insistia em permanecer com a perimenopausa e suas disfunções hormonais e comprometimento de sono e me impedia de perder peso. Além de uma síndrome metabólica que me colocava também, em risco cardiovascular. E sabia que como consequência eu poderia ter as dores articulares – a do joelho principalmente – aliviadas senão cessadas. Mas era uma aposta. Decidi fazer esse experimento em mim mesma.

E como primeira estratégia, eliminei totalmente o açúcar e a farinha branca da minha alimentação. Álcool já não faz parte da minha vida há 2 anos. Bebo 2-3 vez no ano, em celebrações pontuais. Antioxidantes, fitoquímicos de ação anti-inflamatória e colágeno tipos 1 e 2 já faziam parte da minha suplementação. Se a ciência ainda não chancelava, ao menos não me condenava. Estava na aposta.

Depois de 30 dias sem o açúcar e farinha as dores no joelho desapareceram. Parei de sentir dor durante a noite. Descer escada ficou leve. Voltei sentar na postura de lótus (perna cruzada). E voltei a correr!

E é isso que quero mostrar: uma estratégia alimentar pode estar nos detalhes. Nesse caso, açúcar não é tão detalhe assim mas, no meu caso, o mínimo era muito. Tive que cortar.

Reforço o que disse no texto que escrevi sobre o impacto nos níveis de dopamina:

Nós não precisamos viver em restrição de coisas saudáveis e que nos trazem alegria. Esta privação pode ser um estressor e, uma vez com níveis maiores de cortisol, você automaticamente vai querer buscar coisas que tragam recompensas imediatas e entrar num ciclo sem fim. Se você quer essa mudança, se informe, leia, ouça seu corpo e, se necessário procure um profissional de saúde para te ajudar.

O que eu acredito são em pausas, compensações e não abstenção. Eu me desafiei a esse corte radical durante 30 dias pois o açúcar e a farinha impactavam em muitos fatores. Quanto mais eu estudava, mais tinha certeza disso. E esperei o momento certo.

Perdi peso e me inscrevi para a Maratona de Rotterdam em 2025. Começaria com provas de 5k, indo no gradativo.

Espera que aqui começa uma nova história e, seu desfecho deve ser um novo post: tô muito storytelling! Mas só um adendo / curiosidade mesmo:

Por conta de decisão em voltar a dedicar às corridas, achei prudente pressionar o ortopedista por uma ressonância, para ver até onde eu poderia ir.

E no dia 18 de abril, ele me liga para dizer que meu diagnóstico, além de desgastes em mais de um tecido do joelho, era de uma artrose numa fase não tão inicial. Nem sei ainda mas deve ser uma artrose pós trauma – aquele do beach tênis...

Depois de chorar por uns 2 minutos visualizando a medalha de finisher criando asinhas e desaparecendo no horizonte, procurei o Dr Paulo Schutz no Brasil para pesquisar sobre o tratamento com ácido hialurônico a partir das células-tronco.

E cá estou em meio a esse processo, aguardando agora um chamado da Universidade de Utrecht aqui da Holanda, que fazem estudo relacionados.

E minha inscrição na Maratona de Rotterdam e treinos continuam firmes e fortes.

Sem querer desvirtuar o desfecho desse post: venci a inflamação em 30 dias sem açúcar e sem farinha. Uma decisão minha é tirar mesmo por completo da minha rotina e inserindo em momentos específicos. Para mim, está valendo muito a pena.

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