Ciência, individualidade e bom senso

Este texto é para compartilhar ponto de vista, quem sabe te fazer refletir e, de quebra, deixar claro minha proposta ao colocar palavras – faladas e escritas – de uma área que conheço tecnicamente há pouco tempo, comparado aos meus anos de vida.

Primeiro que o que me motivou a entrar esta área foi o entusiasmo que ela me causa. Eu amo a área da saúde e bem-estar desde muito nova. Portanto, eu trabalho com um objeto de estudo profundo há 3 anos mas vivo há, pelo menos 35 anos, que eu me recorde.

Eu não sou médica e nem terapeuta. Nem nutricionista. Eu sou uma conselheira de hábitos que interferem na boa saúde e de nutrição; especializada em ciclos femininos e pós graduanda em Medicina Funcional Integrativa. Seguindo a normas dos Conselhos de cada profissão da área da saúde, nada que sugiro é recomendação. É informação.

Minha formação, me credencia a orientar as pessoas à mudança e implementação de estilo de vida e a hábitos que estimulam o estado ótimo do corpo humano. São há técnica. Há estratégias – conjuntos de ações - que podem trazer de volta o equilíbrio de funções fisiológicas, hormonais e bioquímicas da natureza humana. Desde que nenhuma condição mais grave esteja instalada. Desde que um compromisso de execução se estabeleça.

A demanda para este tipo de trabalho específico, tem crescido de forma exponencial nas últimas décadas.

Nosso corpo não acompanhou a evolução dos nossos tempos. Alteração no ar, novas substâncias ingeridas, novos ciclos que contrapõem o circadiano e principalmente estados de alteração hormonal e de neurotransmissores fora de suas funções naturais: cortisol quase que permanente e dopamina em níveis elevados e constantes.

Nosso corpo perdeu o equilíbrio. Perdeu a capacidade de se reciclar através do nosso sistema de detoxificação, operada pelo fígado e pâncreas principalmente, de se proteger através da imunidade sintetizada pela qualidade das bactérias que habitam nosso intestino delgado. Nossa microbiota sofre com a interferência do ambiente (tanto positivo quanto negativo para seu equilíbrio; quando este ambiente é nocivo, o resultado, obviamente, é negativo) e com substâncias antibacterianas, impedem o metabolismo dos nossos hormônios, calam nossos receptores e dialogam com o nosso cérebro que, imediatamente, entende que algo vai mal nos fazendo sofrer com estados de humor, perda de prazer ou excitação e medo acima do normal. O ritmo de vida derivou a desconexão com o nosso próprio corpo. Não sabemos o que está acontecendo: por que eu não durmo? Por que não emagreço? Por que tenho tanta ansiedade? Por que o meu desânimo? Mal conseguimos ter clareza da resposta que, minha experiência diz, está dentro de nós e dos hábitos que perseguimos nos últimos anos.

No meu dia a dia com as minhas clientes, o que prevalece é a ciência com a individualidade. Não dá para separar uma coisa da outra. Minha conclusão de, quem não está imersa no mundo científico – via de regra estes profissionais perdem a sensibilidade para o individual – e nem totalmente a parte – que vai na onda de toda e qualquer moda – é que, considerar exclusivamente a medicina baseada em evidências ou desprezar o que “parece” funcionar para algumas pessoas e extrapolar para o mundo, são decisões completamente fora de bom senso.

Ah, mas funcionou com a minha tia! Não significa que vá funcionar para você.

Ah, mas não tem comprovação científica! Não significa que não vá funcionar para você.

O bom senso está na INDIVIDUALIDADE e RESPONSABILIDADE  em não se colocar em risco.

O auto diagnóstico e medicação provocado pelo consumo de informações disseminadas sem fundamento e de forma irresponsável já levou vidas.

A medicina baseada em evidência traz conclusões com base em estudos – nem todos robustos suficientes – que levam em consideração um % de sucesso ou insucesso. Estou me referindo aos estudos científicos com base estatística e de observação e não aqueles “declarados” (pesquisas cujo comportamento ou uso de determinado produto são respondidas espontaneamente).

Para ser até grotesca na explicação e correr o risco de mil críticas, vou fazer uma analogia aqui: imagine que determinado candidato ganhe uma eleição com 70% dos votos. Mas você votou em outro portanto faz parte dos 30%. As conclusões do estudos científicos não são simples assim mas é desta forma que são disseminados. É assim que vai para a capa do jornal, revista, site. O papel do profissional de saúde não é seguir o que saiu na mídia mas acessar este estudo e entender: a metodologia, a amostra, as casualidades e outros fatores que envolvem a complexidade destas avaliações.

Isso ninguém explica. Colocam lá que foi feito em Harvard como se isso chancelasse e “esquecem”- por ignorância ou conveniência - de dizer que foi uma pesquisa de resposta espontânea ou a amostra era uma grupo muito específico. Já li estudos com suplementos, procedimentos feitos com uma etnia específica ou pessoas em condições terminais em hospitais. Como extrapolar isso para a população? Irresponsabilidade.

Por isso, o caminho é:

 - Não acredite ou tome como verdade absolutamente nada do que você ler na mídia ou redes sociais. Nada!

 - Informe-se. Estude. É a sua saúde. Não estou falando para ler artigo científico mas vá em fontes confiáveis estudar e escolha caminhos prováveis, já que você vai encontrar linhas e condutas diferentes para a mesma situação.

 - Tenha uma fonte de confiança: um profissional ou canais com especialistas onde você se ancora. De novo: existem linhas diferentes de pensamento. Escolha a que mais se aproxima das tuas crenças e valores para conduzir sua jornada da saúde e vá ser feliz.

 - E por fim, sobre a escolha da sua fonte de confiança: se você sentir que do outro lado algum extremo se instala deixando de prevalecer o bom senso, procure outro!

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