Ou a mente amadurece ou o corpo força o amadurecimento da mente. O perigo está em desprezar esses processos.

Em 2022 fiz 50 anos. Junto disso, algumas coisas. Não tanto por mim, mas o que a idade 50, envelhecer, amadurecer, menopausar significa para o mundo. Às vezes me sinto em um universo a parte, não me identifico com reflexões muito profundas sobre esse assunto. A questão idade está realmente em pauta ou os algorítimos que, obviamente, me alcançam? Fico confusa se o mundo está assim mesmo ou se é só a minha bolha.

 Usei uma licença poética no meu post de aniversário dizendo que os 50 vieram com a mesma expectativa dos 18. Sim e não. Não tive expectativa, mas tive uma vontade interna de comemorar. Mais por ser um número cheio, meio século, do que por qualquer outro simbolismo. A vontade de comemorar talvez tivesse vindo do sentir que algo bom estaria por vir.

Parte foi isso mesmo, nasceu minha marca e estruturei minha metodologia dentro da profissão nova que vinha traçando. Criou cara, corpo e nome. Além disso, me senti mais confiante. Como mulher e como mãe. Fiquei com mais vontade sedimentar comportamentos e atitudes que mudei ao longo dos últimos anos. Me acalmei e aquietei. A constância e disciplina ficaram, não mais fáceis, mas mais naturais. Não pela definição dessas duas palavras mas, pelas certezas – e escolhas - das razões que me faziam exercê-las. Foi assim durante quase 9 meses. Gestei os 50 anos.

A 3 meses de completar 51, tive um pico de estresse. Brabo. Apagão mesmo e foi dirigindo na estrada. Assustador. Pela primeira vez na vida.

Pela primeira vez na vida comecei a não entender o que meu corpo estava mostrando. Seguido desse pico de estresse e gatilho de pânico, veio um down hill de cortisol e a energia foi pro beleléu.

A menstruação desregulou, os treinos falharam, a casa ficou para depois e a produtividade também. Algumas posturas da yoga me jogaram na cara a prática relaxada demais; simplesmente regredi na execução. O joelho passou a não dar trégua – há 10 anos vínhamos em idas e vindas de dores e inchaços. Agora descambou. Às vésperas de fazer os 51, perdi no tênis, o meu esporte que dá outro post -  de 6x1 6x0 porque não aguentei correr por sentir dor, caí de bicicleta e fiquei cagona. No dia que fiz 51 fui dormir às 21h. De sono.

Tinha alguma coisa acontecendo e não conseguia mais decifrar. Minha consciência corporal quase me faz concluir que foi de um dia para o outro. Tirando o pico de estresse que senti sim sinais prévios, o resto veio de repente.

O que concluí é, com a idade, a jornada da saúde, exige mais. Mais atenção. Mais cuidados. Mais amor por si. Veja bem: há muito tempo não me comparo com os 20-30 anos. Minha "surpresa” foi que houve uma mudança dos 46-47 para os 50 anos. Então, se pensa em ter saúde com o passar dos anos e se você não está na via de deixar hábitos e atitudes que agridem seu corpo, precisa agora passar a seguir esse caminho. Se você já está, talvez o que você está fazendo não seja suficiente daqui pra frente. Cada um sabe onde o calo aperta.

O meu, aperta na ideia de ter que adaptar – mais assustador ainda, excluir - porque meu corpo não aguenta mais. Por outro lado, sinto mais poder quando penso que posso prepará-lo para que ele encare nessa nova fase mais forte. Há quem pense o contrário, mas comecei a ficar confusa com a ideia de que o que acontecia no meu corpo era porque eu não cuidei dele como deveria. Agora que o cuidado com saúde e bem-estar fazem parte do meu ofício e propósito de vida?!

Me conectar com meu corpo físico, me faz conectar com minhas emoções. Sempre foi assim. Sinto mais potente a minha mente. E confio que o corpo vai correr atrás. E vai alcançar. Acho né.

O alongamento que antecedia o esforço, passou também a fazer parte da prévia da meditação matinal. Prioridade número 1 do dia. O treino de resistência intercala com os de de força. E os cardios viraram diários. Os perfis de movimentos naturais, regaste de mobilidade, fisioterapia agora estão no meus “seguindo”. A quiropraxia que me salvou nas gestações regadas a ganho de peso, está na lista para quando tiver orçamento.

Meus estudos sobre saúde e bem-estar tem 4 anos. Mas tenho pelo menos 30 em experimentar limites e superação do meu corpo. Seja no movimento, seja na nutrição.

Meu recado aqui vai para você que quer encarar a maturidade livre, independente. Vai precisar se superar. Não é fácil, não é impossível e, de novo, não precisa ser sozinha! Tem um monte de gente que estuda para te ajudar. Inclusive eu.

A importância do movimento, da atividade física, não é novidade. E tem um monte de gente inteligente falando para caramba, com propriedade. Eu aqui trago só meu exemplo. Para mim, fiz pouco e meu resultado aos 51 anos é medíocre. E sofrido. Acerte seus ponteiros e descubra o quanto é o SEU bom. Para viver mais e feliz.

Ouça ou leia essa turma:

Shane O'Mara - Neurocientista, psicologista, autor de In Praise Of Walking entre outros. @shanewriter no Instagram

Rickson - Fisioterapeuta. Perfil muito útil com dicas de exercícios e programas específicos. @ricksonfisio no Instagram

Pedro Schestatsky - Eu aqui citando essa fera de novo. Movimento e saúde mental, saiba o porquê e como. Livro: Medicina do Amanhã. @drpedroneuro no Instagram

Zeka Ramos - Personal trainer sempre em defesa dos movimentos naturais do corpo. Muita dica, informação e inspiração. @zkramos no Instagram

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