Sobre o meu processo
Diferente de algumas mulheres que tive a oportunidade em ler seus relatos, que despertaram quase que instantaneamente com a maternidade, o meu despertar – maior autoconhecimento, mais presença e mergulho no processo, respeitando todo feminino, química e magia que existe nas fases – aconteceu bem depois do 1º filho. Talvez por me dividir entre trabalho corporativo e filho (mais para frente descobri que isso sempre foi demais para a minha mente, corpo e espírito), deixei de captar muitos sinais da vida que poderiam chegar com o parto, amamentação, madrugadas mil (mais um parênteses: eu entendo esse processo nas pessoas não como exclusivamente da Maternidade - gestação/fertilização/processo de adoção depois nascimento/chegada e o tempo subsequente - Entendo como válido para essa experiência qualquer processo transformador que te provoque uma reação em cadeia. Desconfortável sempre. Um perda, uma doença, uma experiência... que faça existir um “antes e depois” desse episódio. A história da borboleta sendo lagarta ou da irritação na ostra na formação da pérola).
Portanto, descoberto que esse processo existia na vida, nasceu o que eu sou hoje. E nesse novo Eu é assim: pode soar estranho para uma pessoa que fez família grande mas o que eu mais gosto é de ficar sozinha. Ou talvez por isso mesmo. Se eu não fosse mãe de 4 crianças, talvez sentisse falta de gente. E nesses momentos gosto de fazer as coisas devagar. Até então (antes de 2018), vivi um ritmo que eu achava que era o certo, o produtivo, o legal. No nascimento do meu 3º filho, ainda no Brasil, ainda no mundo corporativo, algo me desacelerou por dentro. Chamo o meu 3º filho, o Enrico, de “minha cura”. Até hoje ele exerce esse papel em mim. Quando dou sinais de aceleração, ansiedade, ele me faz respirar e ir mais devagar. E então, a base de muita leitura, uns workshops aqui e ali, alguns livros e perfis de rede social, a minha santa terapia e minha formação em health coach, aprendi a usar a presença nas coisas que faço. E isso inclui o trabalho doméstico. Os momentos com meus filhos. As minhas horas de estudo. Os meus treinos. Os momentos de contemplação. Em 2018, com a mudança para um novo país, grávida do 4º filho, sem trabalho e rede de apoio, o mergulho no autoconhecimento era questão de sobrevivência. É produto desse portal, entender que nada na vida é linear. Nada acontece sempre do mesmo jeito. Mesmo quando a gente quer. Então, não é sempre que esse meu jeito zen de – querer – ser, acontece. Mas ele está aqui, para eu usar quando as condições de temperatura, pressão, o inconsciente coletivo e as condições do meu mapa astral quiserem ou permitirem.
Como é um processo sem fim, me encontro nessa metamorfose, mas trilhando uma rota saltitante! Eu amo atividade física (sim, sou eu!) de várias formas: faço musculação, corro, alongo, pratico yoga. E tênis. Treino ou competição. E tudo se encaixa no hoje-fui, não-fui, marido-cooperou, sobrou-dinheiro-pra-babá. Amo – e preciso – estar em meio a natureza. Mato. Praia. Areia, nascer e por-do-sol. Vão se intercalando entre hoje-não-deu, hoje-deu-pouco, hoje-foi-até-demais. Aprendi o poder do alimento em meus estados emocionais e mentais além do físico. Que tem o comida de verdade como regra. Chá como ritual. Suplemento como mandatório. Jejum como estratégia. E que nos de repentes, dá espaço para o feijão-em-vidro, nuggets-eca, pizza-frozen. Pães de queijo e brigadeiros que abraçam. Bolo, cerveja e vinho que celebram. Na exceção, mas com o coração.
Nada disso é novo, sempre gostei de tudo isso, mas não sabia me presentear com as coisas que amo. Não sabia fazer com presença. O que tem de novo, é a descoberta de um assunto que me apaixona a cada novo aprendizado: a nutrição e o funcionamento do corpo humano: a carne, a química e física dessa maravilha de Deus. E, por fim, a presença consciente nos momentos que executo algo e nos momentos em que faço nada. Ou melhor, no momento em que estou plenamente em estado comigo mesma. Traduzindo: meu estilo de vida envolve meditação e atividade física diária, prática de yoga encaixada, práticas de aterramento (para equilibrar meu signo em água e ascendente em fogo): grounding e contato com a natureza. Comida de verdade. Conexão com os grandes amores da minha vida: André, meu marido e os meus filhos: Luca, Teo, Enrico e Antonella, por ordem de surgimento na minha vida.
Minha busca? Ajudar pessoas para um caminhar de transformação através do cuidado consigo. Como fizeram comigo. Ou eu mesma fiz. Porque eu estava ali, procurando. Acho que tem alguém esperando pela minha ajuda ou inspiração para esse processo.